Historia da matematica
Cristina Dalva Van Berghem Motta, FEUSP, crisberghem@yahoo.com.br
A História da Matemática como um espelho:
A imagem especular do desenvolvimento de um conceito científico nos planos históricos e individuais foi um dos princípios norteadores para a educação baseada na orientação positivista, que via a abordagem histórica da Matemática como forma de manter uma visão conjunta do progresso desta ciência e de apresentar os conceitos em um grau crescente de complexidade, conforme foram se desenvolvendo na evolução da humanidade. Esta orientação exerceu grande influência no ensino da Matemática, principalmente por colaborar na concepção da Matemática como um corpo cumulativo de conhecimentos seqüenciais e ordenados hierarquicamente, que se reflete até hoje na elaboração dos programas de ensino.
O pressuposto fundamental do positivismo é o de que a sociedade humana é regulada por leis naturais, invariáveis, independentes da vontade e da ação humanas. Em decorrência disto aplica-se a mesma metodologia para o estudo das ciências naturais e das ciências sociais. Essas características da filosofia positivista que Auguste Comte (1798-1857) apresentava em seus cursos na França do século XIX agradaram a nova burguesia do período do Império em nosso país, por possibilitarem a conciliação entre ordem e progresso. Entre os engenheiros e os docentes de Matemática das instituições militares brasileiras encontravam-se ex-alunos de Comte, que ao retornarem ao Brasil se tornaram os primeiros divulgadores do positivismo e adotaram o modelo de racionalidade técnica por ele defendido (Silva, 199, p. 216).
Para Comte, o progresso do conhecimento humano se realizaria por meio de três estados: o estado teológico, no qual o homem explica as coisas e os acontecimentos através de seres ou forças sobrenaturais; o estado metafísico, quando há o recurso a entidades abstratas e idéias que expliquem os fatos; e o estado