Considerações iniciais: aspectos histórico-contextuais A tendência pedagógica de Educação Física escolar conhecida como “higienista” foi delineada de modo significativo no final do século XIX. Nas primeiras décadas do século XX, tal época histórica abrangeu o marco da Primeira Guerra Mundial e, no Brasil, o baixo nível de saneamento básico e as mazelas sociais. Para Ghiraldelli Júnior (1988), o desenvolvimento da Educação Física higienista estava ligado às preocupações das elites com os problemas advindos da crescente industrialização do período final do Império e de toda a Primeira República. Entretanto, Soares (2004) pondera que “O que tornava o povo miserável, doente, degenerado física e mentalmente eram as condições de vida e de trabalho impostas pelo capital.” (p. 103). Baseando-se em Ghiraldelli Júnior (1988), “A Educação Física Higienista é produto do pensamento liberal. [...] Os liberais não titubeavam em jogar às costas da ‘ignorância popular’ a culpa pelos problemas sociais que, em verdade, se originavam da perversidade do sistema capitalista.” (p. 22). Por gestos automatizados e disciplinados, a Educação Física se tornaria responsável em construir corpos considerados saudáveis (SOARES, 2004). Nesse contexto, em termos gerais, de acordo com Caparroz (2005), no caso específico da Educação Física escolar, emergia a noção de intervenção que serviria “[...] para imprimir a idéia liberal, de que a saúde, o bem-estar físico, o desenvolvimento do corpo forte, higiênico, é responsabilidade individual e não conseqüência das condições sociais determinadas pela estrutura econômica, política e social.” (p. 121). Sobre a historiografia da Educação Física, como pano de fundo teórico dos aspectos histórico-contextuais que atravessam a área, vale destacar a ideia de Caparroz (2005) que muitos autores desconsideram a trajetória histórica da incorporação das práticas corporais construída historicamente no âmbito educacional permeada de conflitos e