Hamlet a mais analise Teatro
Um Hamlet a mais de Ricardo Pais foi construído a partir de três temas chaves da obra Hamlet de Shakespeare. O primeiro deles é a misoginia, de que são vitimas tanto a mãe de Hamlet, como Ofélia. Embora a questão não seja resolvida durante o espectáculo, Hamlet discursa sobre a repugnância que o corpo feminino lhe causa. Outro dos temas é a guerra, não a guerra que se passa no background do país, mas aquele que se passa no interior da instituição que o governa “Uma visão destas fica bem num campo de batalha, não aqui” alegado por Fortinbras. Como metáfora deste estado de guerra temos a esgrima. Que funciona como perda /ganho de poder, vitima/carrasco, assim como expansão das emoções humanas ( inveja, ciúme, sacrifício, esforço). Levando-nos ao encontro do tema da morte, um tema presente em toda a obra, que é também motivo pelo qual o Hamlet inicia uma guerra interior pela busca da verdade, que o leva à loucura e a uma “morte” lenta que vai para além do seu corpo físico, que vem de dentro, que se sente nas suas palavras. Morte essa que identificamos facilmente atrás do seu figurino negro contrastante com o dos restantes. Este figurino torna-o à partida um personagem isolado, sozinho. Podemos confirmar isso quando toca com as suas mãos uma na outra, o que nos remete imediatamente para uma ideia de solidão. Para além disso, todos os actores representam duas personagens à excepção de João Reis que intrepreta Hamlet. Temos o caso de Ofélia e mãe de Hamlet ambas interpretadas de forma bastante entusiasta por Luísa Cruz, o que faz todo o sentido uma vez que ambas representam a repugna sexual presente em Hamlet.Ou Cláudio e Polónio ambos interpretados por António Durães uma vez que ambos estão ligados pelo crime e pelo sangue. Pela loucura de Hamlet.
O espectáculo inicia-se com o final, o que vai também ao encontro do titulo do mesmo, uma vez que os espectadores presentes já conhecem o enredo, mas vão revivê-lo uma vez