Ofélia, a construção da identidade feminina
1. JUSTIFICATIVA A construção da identidade é uma questão bastante investigada na contemporaneidade e que permeia diversos discursos, principalmente no tocante a construção da identidade das minorias sociais, como é o caso da mulher. Acreditamos que pela impossibilidade de a mulher ser retratada como um grupo homogêneo - não há sentimento de grupo nascido, por exemplo, de uma religião, de um passado comum; nem tampouco um marco para o início de seu subjugo pelo poder dominante[2] -, a observação de como se dá a construção de sua identidade se torna ainda mais relevante. Além disso, após as conquistas femininas ocorridas durante o século XX, a desigualdade entre os sexos parece haver desaparecido, quando na realidade ela ainda existe, mesmo que de modo subjetivo, na sociedade ocidental. Essa subjetividade deve-se àquilo que permeia o discurso do poder desde o início dos tempos e que está incorporado à sociedade em que vivemos. São os interdiscursos que, por serem esquecidos, estruturam os dizeres dos sujeitos que, de maneira inconsciente, acabam por repetir e perpetuar os discursos do poder. [3] Portanto, são os discursos os grandes mantenedores do poder dominante. Esses discursos, que definem a nossa cultura, são construídos ao mesmo tempo em que constroem a cultura da sociedade ocidental e, por isso, devem ser objeto de análise.
2. DISCUSSÃO TEÓRICA Não se pode analisar um determinado discurso sem situá-lo no contexto histórico de seu tempo e de seu autor. Portanto faz-se necessário falar de Shakespeare e de seu tempo, bem como do contexto da peça em si. Como todo homem,