El Ban concluido
1989
Fernando Botero
“É importante saber de onde provém o prazer de contemplar um quadro.
Para mim, é a alegria de viver combinada com a sensualidade das formas. É por isso que o meu problema é criar sensualidade através da forma”.
FERNANDO BOTERO
Sensualidade
é uma
das primeiras coisas que vêm em mente
quando
nos
defrontamos com a obra “O
Banho”, do pintor e escultor colombiano Fernando Botero.
Uma mulher nua, em tamanho natural, frente a um lavatório e de costas à vista, preparase
para
o
banho.
Numa
primeira impressão, devido à sua pose, parece estar se auto-examinando, como em prevenção ao
câncer
de
mama. Não obstante, a posição de sua mão esquerda é de grande leveza em seu movimento; ela ajeita o cabelo adornado por uma tiara vermelha com laço. Sua mão direita, ocultada por seu corpo, segura um vestido vermelho, que acaba de despir, aperta-o contra seus seios, num gesto de pudor ou por se sentir observada. Do lado direito, uma banheira enche-se de água por duas torneiras; num só fluxo, água quente e fria equilibram a temperatura, dando a idéia de aconchego ao
ato de asseio. Nota-se que cada torneira possui um detalhe de cor diferente em suas chaves: uma azul – água fria e outra vermelha – água quente, para que seu corpo não perca a temperatura ideal a um possível clima de volúpia. Tal análise nos remete ao poema “Receita de Mulher”, de Vinícius de Moraes, em que o sujeito lírico descreve a amante perfeita e, em certo trecho, diz: “A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face, mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior a 37 º centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras do primeiro grau”. A banheira tem um detalhe interessante, possui pés com formato de patas de animal com três dedos.
Vê-se parte de seu rosto no reflexo do espelho e nota-se que ela mira os olhos em seus seios sem se preocupar se é observada, pois a porta do banheiro está aberta e esta abertura dá passagem