Hagiografia Santiago de Compostela
Hagiografia: Primeiras Considerações
Gênero literário consagrado à narração das vidas dos santos, as hagiografias constituem uma importante fonte de reflexão para o historiador através das diversas possibilidades interpretativas que decorrem da sua análise.
Fonte documental bastante relacionada à Idade Média, permite-nos debruçar sobre o eixo articulador de todo o período medieval: a Cristandade. É a partir dos elementos que a constitui que podemos perceber diversos processos relativos à conformação do cristianismo no seio da sociedade.
Decorrente da própria necessidade da narração, o estudo das hagiografias promove a percepção do percurso do gênero nas suas características formais e estilísticas que por sua vez revelam os diversos processos de elaboração de um conceito chave para a compreensão do período: a Santidade. Atrelados ao conceito de santidade estão relacionadas as questões relativas à morte, às relíquias dos santos, ao culto aos próprios santos, à intermediação com
Deus e etc., em suma, a todo o conjunto de práticas devocionais-sociais da sociedade medieval. As hagiografias respondiam a diversas necessidades sociais, dentre as quais podemos citar a preservação da memória do santo, rememorada pela comunidade constituiria fonte de inspiração para os fieis modulando assim, o conjunto de comportamentos configurando exempla da vida devotada à fé cristã; a associação entre santo e Igreja, na medida em que a santidade se constitui no âmbito da Igreja e por ela é legitimada através das canonizações e perpetuação de culto aos santos; o disciplinamento das práticas do clero e da população
(re)assimilando o ideal de santidade.
Sustentada por dois pilares para sua construção a vita apostólica e o imitatio Christi, o gênero tornar-se-á importante instrumento de consolidação da devoção cristã e do combate às crenças pagãs.
Como nota metodológica e aviso antes de debruçarmo-nos sobre o texto que pretendemos analisar é importante