habitação na republica velha
Nos trinta anos que antecederam a 1ª Guerra Mundial observa-se o início da intervenção do Estado na questão da habitação. Primeiro, na Europa, e logo, na América do Sul, o fracasso das soluções liberais forçou medidas intervencionistas como a regulação de alugueis e, especialmente, a produção estatal de casas populares. Contudo, na visão consagrada no Brasil, somente após 1930, com Getúlio Vargas, é que o Estado passou a intervir diretamente na questão produzindo conjuntos habitacionais, pois antes o regime liberal da República Velha vetou permanentemente tal solução. Este trabalho faz uma revisão deste paradigma, analisa suas origens e persistências, através do reconhecimento da construção de vilas proletárias, no Rio de Janeiro, pelo governo do Marechal Hermes da Fonseca (1910-1914), e propõe que a maior delas - que aqui é pensada como uma vitrine não-vista -, seja tombada como marco histórico da habitação social no Brasil.
As vilas de Hermes e as origens da habitação social no Brasil
Além de designar o militar, oitavo presidente eleito da república brasileira, Marechal Hermes é também o nome de um bairro do Rio de Janeiro, cuja origem está em uma das três vilas proletárias que foram idealizadas e parcialmente construídas durante a sua presidência (1910-1914), quando aconteceu o que pode ser reconhecido como a primeira intervenção federal na questão da habitação no Brasil.
Começaremos observando aquela vila que Hermes inaugurou em 1913, ao lado do Jardim Botânico, na Gávea, no que era então o limite da periferia urbana no setor sul da cidade, densamente ocupado por operários associados à presença de três grandes fábricas têxteis - Corcovado, Carioca e São Felix. Hermes achou por bem batizar esta primeira vila proletária como o nome de sua recém falecida esposa, Orsina da Fonseca. Entre as medidas mais importantes implementadas pelo governo no que diz respeito à questão habitacional, estiveram o