habermas
Trabalho e Educação GT 09
Antonio Carlos Ferreira Bonfim — mestrando em educação pela FACED-UFC; bolsista CAPES
Introdução
De acordo com a postura marxista clássica, o trabalho consubstancia-se como categoria central tanto numa perspectiva antropológica, no contexto da humanização cultural do homem, quanto numa perspectiva ontológica, no horizonte da autocriação (Selbstformation) do ser social, como também numa perspectiva epistemológica, no limiar das metodologias e das pesquisas sociais em diversos ramos, apoiando-se em três pressupostos: o trabalho é uma eterna necessidade da vida social humana; logo, o trabalho é a categoria central, na qual todas as outras determinações que compõe a estrutura necessária da realidade social já se apresentam in nuce; no trabalho tem lugar uma dupla transformação: por meio dele o homem transforma a natureza e a si mesmo.
O trabalho, portanto, na acepção marxista clássica, é a categoria fundante do mundo dos homens, porque é o momento predominante na produção das novas situações objetivas e subjetivas que caracterizam a forma de vida especificamente humana.
Entrementes, há na atualidade uma corrente de pesquisadores e pensadores, emergida da interioridade do próprio marxismo, que se caracteriza pela negação dessa postura marxista clássica, exatamente por não mais conceber a centralidade, mas, outrossim, a descentralidade da categoria trabalho em todos os ramos do saber. E nos parece que foi Habermas um dos primeiros a agir, programaticamente, com o fito de descentralizar (e não de negar) a categoria trabalho do interior do cognominado marxismo ocidental revisionista, inaugurado pela Teoria Crítica, mormente a de Horkheimer, Adorno e Marcuse.1
Todavia, Habermas, diferentemente, se propõe não apenas fazer uma revisão, mas, outrossim, fazer uma reconstrução da teoria de Marx, com base numa reflexão de matiz neokantiano revigorado, ou seja, numa reflexão centrada na razão