Guerra do paraguai: controvérsias da historiografia
Posso discordar de tudo o que dizes, mas lutarei até a morte para que possas dizer. Voltaire
Thiago Rabelo Sales Graduando em História pela Universidade Federal de Ouro Preto
Introdução
A discussão historiográfica acerca do conflito com o Paraguai é tema sempre em voga nos debates entre historiadores sendo alvo de inúmeras revisões que, em sua maioria, visavam atender a interesses oficiais. Dentro deste tema tão abrangente, sobre o qual ainda há muito a se pesquisar, estaremos enfocando, no presente artigo, as discordâncias acerca das possíveis causas do combate, deste que foi o conflito mais violento ocorrido entre nações da América do Sul. O artigo está dividido em quatro partes. Na primeira, discursaremos acerca da corrente interpretativa das primeiras décadas do pós-guerra, que é composta por muitos diários de guerra que tratam dos horrores das batalhas de forma bastante apaixonada. Na segunda, nos preocuparemos com a corrente revisionista da primeira metade do século XX, marcada por uma nova visão que trata o Paraguai como grande vítima de uma conspiração comandada pela Inglaterra. Na terceira parte, mostraremos o que há de mais novo produzido pela historiografia brasileira, acerca da Guerra da Tríplice Aliança. Em cada uma dessas partes trataremos das diferentes correntes, demonstrando suas principais diferenças e seus principais defensores. Por fim, na quarta e última parte do texto, apresentaremos algumas conclusões e justificativas para que se possa entender um pouco melhor o debate existente acerca das causas do conflito.
Os primeiros escritos
Ao final da Guerra do Paraguai, em 1870, teve início a produção literária acerca do conflito. A geração de combatentes que participou ativamente das batalhas nos territórios do Brasil, Argentina e Paraguai não tinha dúvidas de que o ditador paraguaio havia sido o responsável pelo início e pela longa duração da Guerra. Em