guerra do brasil
A invasão do Mato Grosso
Existe uma guerra esquecida dentro da Guerra do Paraguai, que foi aquela decorrente da invasão do
Mato Grosso pelos guaranis no final de 1864. Lá não houve grandes batalhas, lembradas com zelo por unidades ou navios da Marinha de Guerra, nem seus fatos são apresentados com fausto e ufanismo em magníficas obras de arte, etc. Quase ninguém conhece o nome de seus principais atores, tombados para sempre na guerra e na memória dos brasileiros. Um duplo assassinato, de certa forma
“justificado” pelo esquecimento e descaso a que aquela região foi relegada ao longo do período colonial e Imperial, e mesmo durante quase todo o período republicano.
Entretanto lá também é Brasil, e o risco que correram os gaúchos de serem forçados a abandonar a comunhão brasileira foi sentido por muitos mato-grossenses, numa proporção muito mais grave e demorada que a breve invasão do Rio Grande do Sul. Mas se as vezes as coisas não correram bem no
“Front Esquecido”, isso se deveu na maior parte à incúria, incapacidade e corrupção das autoridades, as mesma que arrastaram o país para uma guerra talvez evitável e trataram de por uma pá de cal sobre as promessas de recompensas feitas aos veteranos.
O desafio paraguaio
Quando o Brasil invadiu o Uruguai em 1864, para resolver uma série de incidentes fronteiriços confusos e uma política de navegação franca nos rios da bacia do Paraná – indispensável à comunicação e à economia das províncias do Centro-Oeste – o presidente do Paraguai, Francisco
Solano Lopez, resolveu entrar em guerra contra o Brasil para defender os seus interesses na região, que supostamente estavam sendo ameaçados pela intervenção brasileira. Havia também uma questão de fronteira pendente com o Mato Grosso, que se arrastava desde o período colonial, e que o ditador paraguaio resolveu encerrá-las definitivamente com o uso da força.
O plano de guerra paraguaio, aparentemente, contemplava a retomada dos territórios