Graduação

O enredo do longa Central do Brasil é repleto de curiosidades que ajudam a perceber de que forma a população brasileira das classes mais baixas se comporta. E, ainda, a,partir dessas situações expostas no filme, que motivos intrínsecos às suas trajetórias fazem essa realidade cristalizar-se a ponto de se tornarem significativas e notórias, a ponto de gerar uma identificação, para quem assiste. A atuação de Fernanda Montenegro - ganhadora do Oscar pela atuação no longa-metragem – conduz o filme. A mesma interpreta Dora, uma senhora de idade já avançada que escreve cartas para analfabetos por alguns “trocados”. No desenrolar da trama, alguns casos contados com o objetivo de serem escritos nas cartas revelam características do povo brasileiro. Algumas particularidades dos analfabetos são mostradas gerando identificação em quem assiste ou fazendo com que se façam analogias muito óbvias entre aquele episódio mostrado no filme de forma ficcional e a trajetória da maioria dos nordestinos que se lançam para buscar um almejado futuro dadivoso no sudeste brasileiro. O trabalhador sem capacitação que migra para outro lugar do país e se vê numa realidade igual a pior a de antes é retratado no filme por meio das pessoas que vão buscar os serviços de Dora para poderem se comunicar com seus parentes distantes que ainda vivem em um ambiente rural e atrasado em termos econômicos e de desenvolvimento industrial. A periferia dos grandes centros urbanos, que no Brasil se fez à margem das cidades que mais se industrializaram, como São Paulo, deu subsídios empregatícios para a mão de obra sem qualificação que estava em processo de migração por diversos motivos, entre eles as condições climáticas que impossibilitavam o plantio em determinadas épocas do ano. Todavia, gerou a criação do que vários estudiosos do mundo do trabalho se referem como o “precariado”, essa categoria refere-se ao que já foi exposto antes: o trabalhador desqualificado, que muitas vezes migra