Graduando
O documentário inicia-se com uma reflexão melancólica, que conduz ao cenário de alguém que parou (está congelado) no tempo e traz à tona depoimentos de quem não apenas conhece, mas vivenciou um problema denominado alienação parental. Trata-se de pais e filhos que, após a dissolução do vínculo matrimonial ou de convivência, passam a ser afastados abruptamente da vida uns dos outros. A idéia da partida está culturalmente arraigada ao desprezo, ao desinteresse pelo outro, por aquele que fica. Também é culturalmente imposta a figura do homem que deixa o lar. Pouco importa os motivos. A tendência, portanto, é que as vítimas legítimas – aos olhos alheios – de tal atitude sejam os filhos e a mulher, que “restaram”. Tanto é assim que, dos sete casos apresentados pelo filme, apenas um trata da alienação parental sofrida pela mãe. O título (A Morte Inventada) denota o que de fato ocorre em milhares de famílias, uma vez acabada a relação amorosa. Não satisfeitas em matar o outro dentro de si, as pessoas passam a tentar fazê-lo dentro dos filhos, de qualquer forma e a qualquer custo. De mentiras e pequenas confusões a mudanças de endereço ou denúncias de abuso sexual, não há limites. Porém, a “morte inventada” do pai ou da mãe produz efeitos imensuráveis e irreparáveis, como se depreende do discurso dos filhos depoentes. Por mais que o ciclo de alienação parental seja quebrado, a lacuna emocional permanece. Os laços desconstituídos na infância não são simplesmente refeitos, porque a referência do alienado perdeu-se em algum lugar, em algum momento da história. Logo, se não há como e para onde voltar, a única saída é começar de novo, viver a partir de então. Louvável, ainda, a participação de profissionais da área jurídica, psicológica e social, que explicam os motivos e consequências da alienação parental, partindo da convivência diária com tal fenômeno. A alienação