Graduando
A História dos homens no espelho da Morte.
Michel Vovelle O titulo dessa contribuição é à primeira vista, um pouco esotérico. Teme se o efeito “fácil”, um pouco gasto, privado hoje do impacto aterrorizador de outrora: olhando se num espelho, os homens descobrem a Morte. É um tema que a pintura do século XVI ao barroco alemão e espanhol retrata com bastante freqüência. Os pintores souberam oferecer esse efeito de surpresa: uma jovem em seu toucador, onde o velho casal Burgmeyr olha se no espelho, que lhes devolve a imagem em forma de caveira. A História da Morte assume na nova história das mentalidades, um espaço que não é menor. Ela se situa no fio direto da evolução que levou os pesquisadores interessados na evolução das culturas. A morte, ao cabo de toda a aventura humana, continua sendo um revelador particularmente sensível. Pierre Chaunu pode dizer que toda sociedade se mede ou se avalia de certa maneira pelo seu sistema de morte. A valorização desse momento da existência vem cercada de toda uma rede de mascaramentos, esquivanças e tabus, ao contrario das criações fantásticas e dos comportamentos mágicos. Para se tratar da História da Morte é preciso vê-la e concebê-la como vertical. Entendo por isso uma História que deve desencadear sem suposição inicial uma relação de causalidade mecânica, o que eu chamaria de morte sofrida, a morte vivida e os discursos sobre a morte. 1. A Morte Sofrida. O primeiro nível impõe por si mesmo o fato concreto da morte. Avaliar o peso desse tipo de Morte é apreciar os parâmetros os componentes sociais desse corte, a começar sobre a diferença de sexo, de acordo com idade desigual, sobretudo desigualdade sentida. É apreciar o contraste entre o campo/cidade: aclivagem maior continua sendo entre pobres e ricos. Esse nível de morte é o nível que leva avaliar a morte vivida. 2. A Morte Vivida. A morte vivida é muito simplesmente um complexo de gestos de ritos que acompanham o