GOVERNO CAFÉ FILHO
O período compreendido entre o suicídio de Vargas e a posse de Juscelino Kubitschek costuma ser colocado em segundo plano na historiografia brasileira, dadas suas características de transição. Durante os poucos meses de duração, podemos delinear duas fases bastante distintas de política econômica: as administrações Gudin e Whitaker.
Tendo em vista o período de instabilidade que se seguiu ao Governo Vargas, Café Filho buscou sustentar seu governo em bases bastante heterogêneas, embora o caráter ortodoxo das figuras ligadas à UDN e ao movimento antigetulista prevalecesse. Para a pasta da Fazenda foi indicado o nome de Eugênio Gudin, economista respeitável e de grande prestígio junto a comunidade financeira internacional – uma das virtudes que mais pesou na sua escolha. Gudin poderia ser considerado um severo crítico das propostas desenvolvimentistas e adepto a políticas ortodoxas, atribuindo o processo inflacionário ao déficit público e à expansão creditícia.
Gudin assumiu ao Ministério da Fazenda num momento de grave crise cambial, decorrente do colapso dos preços e das quantidades exportadas de café. Mesmo com uma desvalorização de 27% da moeda nacional no final do governo Vargas (ago/54), houve um grave impacto sobre as receitas de exportação, uma vez que a elasticidade da demanda internacional do café era baixa no curto prazo. Outro problema que complicava a situação externa do Brasil era o acúmulo dos atrasados comerciais e a necessidade de renegociar as dívidas brasileiras junto aos credores internacionais. Acontece que o governo americano, sob gestão de Eisenhower, mostrava-se intransigente com os países em desenvolvimento, tendo inclusive manifestado que o problema do financiamento da dívida da América Latina deveria ser resolvido por fluxos de capitais privados e não por auxílio econômico do governo americano.
Destarte o fracasso de sua negociação com o governo americano em Washington, Gudin conseguiu levantar US$ 200