Gilberto Freyre
No início dos anos de 1950, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) patrocinou uma série de estudos sobre as relações raciais no Brasil, tal estudo, vinculado ao contexto pós 2ª Guerra Mundial, procurava apreender experiências sociais que destoassem radicalmente do nazismo. E assim, cientistas sociais brasileiros e estrangeiros ofereceram à UNESCO a singular experiência cultural brasileira, que em matéria racial era uma espécie de anti-Alemanha nazista. Gilberto Freyre exerceu influência significativa na “opção Brasil” realizada pela UNESCO. (MAIO, 1999).
Na década de 1930, Gilberto Freyre foi o mais radical crítico do racismo, ideologia dominante da elite erudita. Ele enfatizava a importância da cooperação étnico-racial (portugueses, negros e índios) no plano da cultura na conformação de uma identidade nacional, fruto de uma tradição legada pela herança ibérica. (MAIO, 1999).
A ideia prevalecente nos textos de Freyre é a da relativa confraternização entre as raças, selada pela miscigenação, que seria a marca de distinção da sociedade brasileira. (MAIO, 1999).
Nos anos de 1930 e 1950 pode-se destacar o prestígio de Freyre pelas viagens ao exterior (conferências nos EUA e Europa) e divulgação de suas ideias (publicações de livros e artigos na Argentina, EUA e França), bem como a participação em fóruns intergovernamentais (ONU, UNESCO) e um convite para assumir a direção do Departamento de Ciências Sociais da UNESCO (proposta que não foi aceita). Contudo, é a partir da segunda metade dos anos 40 que começam as primeiras críticas à sua produção sociológica. (MAIO, 1999)
Paulo Duarte, jornalista, político, antropólogo e um dos mentores intelectuais da Universidade de São Paulo, opositor ferrenho à era Vargas, no final dos anos de 1940 aborda a questão do negro em São Paulo como sendo uma herança do Estado Novo. Quando o populismo varguista teria incentivado a criação de associações negras de