Gestão escolar: da centralização à descentralização
Resumo: Nos últimos anos vivenciamos grandes alterações na forma de organização e administração do trabalho escolar, as quais resultam em um intenso debate sobre o assunto. Frequentemente, as análises sobre as alterações administrativas privilegiam os aspectos políticos, assumindo, ao mesmo tempo, a crítica ao centralismo burocrático, inflexível e ineficaz e a defesa da administração democrática, descentralizada e participativa. De nossa parte, no entanto, consideramos que, para apreender os novos rumos tomados pela gestão da educação, é imprescindível analisá-las à luz das mudanças ocorridas no mundo do trabalho e da produção, cuja compreensão histórica também se faz necessária. Por isso, definimos como principal objetivo desse artigo analisar o movimento de substituição do modelo de administração centralizada por novas práticas organizacionais descentralizadas, consideradas mais democráticas. É inerente à análise uma discussão sobre o movimento de substituição do modelo de acumulação taylorista/fordista pelo modelo flexível, que envolve novas formas de gerenciamento (trabalho em grupo, a cooperação, a participação direta nos processos de decisão, a flexibilização e a descentralização). Essas novas formas não se restringiram aos muros da empresa: importadas pela administração pública, condicionaram a forma de gerir as organizações e as instituições, inclusive a educacional.
Palavras chave: gestão escolar; centralização; descentralização
Introdução As políticas educacionais no Brasil, especialmente as que foram adotadas a partir da segunda metade dos anos 90, foram marcadas por mudanças significativas na forma de organização e gestão da educação e da escola. As críticas ao centralismo burocrático, à rigidez e à ineficiência administrativas convergiram para a construção de novos modelos e formas mais flexíveis, descentralizadas, autônomas e participativas. A justificativa para essas