George
Episteme, Porto Alegre, v. 11, n. 24, p. 197-208, jul./dez. 2006.
GEORGE JOHN ROMANES E A TEORIADA SELEÇÃO FISIOLÓGICA Roberto de Andrade Martins*
RESUMO
Este artigo discute as contribuições de George John Romanes (1848-1894)à teoria da evolução. Em seu trabalho evolucionista inicial, Romanes podiaser considerado como um mero discípulo e colaborador de Darwin. Falandoestritamente, um seguidor de Darwin apenas tentaria desenvolver e difundir as idéias darwinianas, aplicá-las a casos novos, obter novas evidências afavor dessa teoria e responder problemas e objeções contra essa teoria. Noentanto, depois de trabalhar alguns anos sob a direção de Darwin (por exemplo, tentando conseguir uma fundamentação experimental para ahipótese da pangênese), Romanes adotou outra estratégia. Assim comovários outros dos que se denominavam darwinianos no final do séculoXIX, Romanes tentou corrigir e complementar a teoria de Darwin, com aintrodução de novos conceitos e hipóteses (especialmente sua “seleçãofisiológica”). A nova atitude de Romanes pode ser considerada como umesforço para sair da sombra de Darwin e exibir sua própria luz. Além disso,Romanes tentou desqualificar o trabalho de outros darwinianos que tinhamobjetivos semelhantes.
Palavras-chave
: Romanes, George John; teoria da evolução; seleçãofisiológica; história da biologia
INTRODUÇÃO
George John Romanes (1848-1894) foi um pesquisador que desenvolveugrande parte de sua vida científica sob a tutela de Charles Darwin. Em 1870,enquanto ainda era um estudante universitário em Cambridge, Romanes iniciou pesquisas sobre fisiologia, sob a orientação de Michael Foster. Logo depois,começou a estudar os trabalhos de Darwin (LESCH, 1970). Em 1873 escreveuuma carta, publicada pela revista Nature
, a respeito de um problema da teoriada evolução, que chamou a atenção do próprio Darwin (ROMANES, 1873). Ofamoso naturalista escreveu uma carta gentil ao jovem estudante, iniciando-seassim um intercâmbio que iria durar