GASODUTO BOLÍVIA – BRASIL RAZÕES DO PROJETO A idéia de construir um gasoduto entre Bolívia e Brasil foi considerada em várias ocasiões, tendo sido objeto de discussão por quase meio século. Entretanto, por várias razões os diversos projetos não se apresentaram viáveis no passado. Durante este período de negociações frustradas com o Brasil, a Bolívia passou a exportar gás para a Argentina. Entretanto, com o aumento significativo das reservas de gás natural, ocorrido a partir do final dos anos 70, a Argentina tornou-se auto-suficiente em gás, podendo prescindir do gás boliviano. As negociações entre Brasil e Bolívia começaram a tomar novo rumo com o final do contrato de importação de gás boliviano por parte da Argentina em 1992. A Bolívia é fortemente dependente da exportação de gás natural e, com a Argentina auto-suficiente no suprimento de gás natural, o Brasil aparece, naturalmente, como o principal mercado consumidor para o gás boliviano. Não pretendemos aqui discutir as razões do insucesso das negociações entre Brasil e Bolívia no passado. Trataremos, sim, das razões que motivaram o projeto de importação atualmente em execução. No final da década de 80, a importação de gás natural passou a ser uma imposição da sociedade, particularmente nas regiões Sul e Sudeste, onde a disponibilidade de gás nacional é inferior ao potencial do mercado. Destacam-se iniciativas do setor privado dos Estados do sul do país, como a constituição da INFRAGÁS, associação de potenciais consumidores de gás dos Estados do Paraná e Santa Catarina, que, antes mesmo da estruturação do projeto do gasoduto Bolívia-Brasil, começou a fazer estudos para importação de gás a partir da Bolívia e da Argentina. Também no Rio Grande do Sul, em diversas ocasiões, governo e setor privado consideraram a importação de gás das províncias vizinhas na Argentina. Em São Paulo foi constituída a Sociedade Privada de Gás – SPG, tendo como sócios algumas das maiores empresas do