Fusões e aquisições
O Estrategista
Armadilhas comuns do fluxo de caixa descontado – parte I
Ao ler os artigos do economista Delfim Netto, no Valor, e suas críticas ao cálculo do PIB potencial, vejo similaridades com as fragilidades de um dos principais instrumentos da análise fundamentalista – o fluxo de caixa descontado.
Apesar de ser importante na avaliação de uma empresa, os resultados derivados da metodologia do fluxo de caixa descontado devem ser utilizados com cuidado. Em 2003, recebi via e-mail o estudo “80 common and uncommon errors in company valuation” do Professor Pablo Fernández, da University of Navarra. O sugestivo título demonstra o desafio na avaliação de uma companhia. Destrinchar os meandros da metodologia não é tarefa para um único post.
O método do fluxo de caixa descontado consiste em trazer a valor presente, mediante uma taxa de desconto, o fluxo de caixa futuro da companhia. A confusão começa pela taxa de desconto utilizada, pois seu cálculo comporta algumas subjetividades. A taxa depende de algumas variáveis. Qual o beta da ação? E a taxa livre de risco? E o prêmio sobre a taxa livre de risco que os investidores desejam obter? Não são perguntas triviais.
Outro ponto nevrálgico da metodologia é o valor residual ou valor na perpetuidade. O que é isso? Em regra, o analista faz a projeção do fluxo de caixa para um determinado período - cinco ou dez anos. Só que a companhia não se extinguirá nesse curto espaço de tempo (ou pelo menos assim se espera). E como se obter o valor da companhia nos demais anos? Para isso, calcula-se o valor na perpetuidade, tomando-se por base o fluxo de caixa do último ano projetado e uma taxa de crescimento desse fluxo a partir daí, conhecido com “g”. Quanto maior o “g”, maior será o valor da empresa. O valor justo da companhia é muito sensível ao “g” utilizado, logo é importante ser conservador nessa variável. Outro cuidado: o investimento projetado para o último ano do fluxo não pode ser inferior à taxa de