Furet
Furet quem mais sistematicamente procurou desenhar a dimensão positiva desse mito, adaptando-a à genealogia da experiência soviética. Em O Passado de uma Ilusão, um livro de 1995, dedica um capítulo inteiro aquilo que chama«o encanto universal de Outubro», que considera haver adquirido, logo após o termo da Primeira Guerra Mundial,«o estatuto de um acontecimento universal» capaz de preencher uma expectativa emancipadora que a memória da Revolução Francesa havia já deixado morrer. Desde logo por pretender inaugurar – a partir de um acto que foi de facto um putsch militar e não uma insurreição de massas – uma época nova na história da humanidade, assente, pela primeira vez, no poder dos produtores. Mas também por estimular uma «ideia de revolução», contendo uma capacidade instauradora de um processo radical de destruição e de construção, que ainda hoje constitui o núcleo da crença num instante regenerador («a Revolução») com equivalentes, na história da humanidade, apenas ao nível das escatologias fundadas na religião.
No capítulo seguinte (O charme universal de Outubro), Furet demonstra como Lênin conseguiu “inventar”, num país atrasado como a Rússia czarista, um regime social e político que passou a servir de exemplo à Europa e a todo o mundo, na continuidade da história ocidental. - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2010/11/1917-et-ses-suites-longa-historia-do.html#sthash.WKyDVlhi.dpuf
O comunismo foi ( e ainda é) um sistema, ou filosofia, que atraiu a adesão de milhões de pessoas no século passado. Vários intelectuais do ocidente, inclusive pessoas religiosas, se sentiram identificadas com a Revolução de Outubro de 1917. François Furet busca nesse livro uma reflexão sobre o passado do comunismo, de forma a demonstrar às semelhanças ou diferenças entre a revolução de Lenin e a Revolução Francesa de 1789.
O espírito revolucionário e a crença de que seus atores