Recensao Critica - Fascismo e Comunismo

O objecto de análise desta recensão crítica foi o livro Fascismo e Comunismo, de François Furet e Ernst Nolte, tradução por Francisco Agarez da versão original Fascisme et Communisme, Lisboa, Gradiva publicações, 1999. Esta obra está dividida em nove capítulos (cada capítulo dividido em múltiplos subcapítulos) e foca três principais ângulos: o das ideias, que leva os autores a estudar a forma como a democracia se vê dilacerada entre o universal e o particular; o das paixões, com o exemplo da hostilidade recíproca que opõe fascismo e comunismo, mas que, ao mesmo tempo, alimenta a sua força ideológica; e o dos regimes, comparando-os e interrogando a especificidade dos seus crimes (segundo a introdução do livro em estudo, páginas 7 -8).
Trata-se de um ensaio que propõe uma leitura não convencional da história do século XX, partindo da guerra de 1914 e dos elos que uniram as grandes tiranias do século (fascismo, comunismo e nazismo).
Esta obra baseou-se numa troca de cartas entre os dois autores durante o Verão de 1996, e foi desencadeada por uma nota final que, no seu último livro, Furet dedicava à interpretação do fascismo proposta por Nolte. Este reagiu sob a forma de carta, à qual Furet, por sua vez, respondeu. Desta forma, oito cartas sequenciais foram escritas, e, após revisão e correcção linguística (por parte de Ferdinando Adornato, chefe de redação da revista Liberal de Roma, que tomou a iniciativa de publicar, na mesma revista, a correspondência entre Furet e Nolte) formaram o ensaio em questão, que visa compreender e explicar o estranho fascínio que os já referidos movimentos ideológicos e políticos exerceram ao longo de todo o século.
Inicialmente, os autores não tencionavam publicar o ensaio, estavam apenas “seduzidos” pela troca de correspondência que lhes proporcionava um debate útil sobre o Fascismo e o Comunismo; queriam também comparar as suas diferenças a nível pessoal e investigativo, já que ambos