Fundamentos de arqueologia e etnologia
Na aula de hoje falaremos sobre o problema da centralização do Egito faraônico. Acompanhe! Uma das teorias formuladas pelos pesquisadores para explicar o povoamento do Egito parte da ecologia do norte da África. Durante milênios, o atual deserto do Saara foi uma região de savanas, habitada por caçadores e pescadores e posteriormente por agricultores e criadores de gado. Uma mudança climática provocou o ressecamento do terreno, sendo responsável pela formação dos atuais desertos na região. Na medida em que a desertificação avançava, parcelas crescentes de populações, vindas de todos os quadrantes, instalavam-se nas margens do rio Nilo. O Nilo é um rio de águas perenes, encravado no meio do deserto. Suas cheias anuais fertilizavam as terras localizadas no seu delta e nas suas margens. O Egito pode ser considerado uma das chamadas “civilizações fluviais”, semelhante à civilização mesopotâmica, que cresceu no vértice formado pelos rios Tigre e Eufrates, à civilização chinesa que se concentrou em torno do rio Yang-tzu e à civilização do rio Indo no subcontinente indiano. Com freqüência, fala-se do Egito como um “milagre do Nilo”, como se toda a riqueza de sua cultura se devesse apenas ao favorecimento da natureza. Mas o Egito se assemelha a todas essas civilizações que puderam surgir e se desenvolver sob um governo centralizado graças não só a um grande rio, mas também aos milhares de homens que usaram seu engenho e sua força de trabalho para organizar os serviços agrícolas e resolver o problema humano da fome, sem o que nenhum desenvolvimento cultural é sequer imaginável. Sem a centralização administrativa e a divisão do trabalho isso seria impossível. Para o vale do Nilo acorriam populações heterogêneas e de diversas procedências, compostas por saarianos brancos que abandonavam o nomadismo, semitas e proto-semitas vindos da Ásia ocidental e negros que adentravam o vale a partir da África subsaariana. A civilização egípcia é uma