Resenha de FOUCAULT, Michel. (2000). “As ciências humanas”. As Palavras e as Coisas: uma Arqueologia das Ciências Humanas. São Paulo: Martins Fontes. pp. 475-536.
De Paulo Maia.
Em As palavras e as Coisas, reconhecendo a influência de Nietzsche no conjunto de sua obra, Foucault procede a uma arqueologia do pensamento, mostrando aquilo que faz com que as ciências humanas, contemporaneamente, tornarem-se possíveis. Especificamente no Capitulo X, intitulado “As ciências humanas”, o pensador mostra o processo de formação destas.
O Capitulo X, intitulado “As ciências humanas”, encontra-se dividido em seis partes:
I. O triedro dos saberes.
II. A forma das ciências humanas.
III. Os três modelos.
IV. A história.
V. Psicanálise, etnologia.
VI. (tópico sem titulo).
1. Diferentes Saberes e o Sentido às Ordens de Pensamento
O grande questionamento de Michel Foucault é entender como se experimenta a proximidade entre diferentes saberes numa mesma esfera e como se dá sentido às ordens de pensamento. No início, ele se voltava para a compreensão do Outro, buscando, a partir daí, definir o Mesmo. Ele passa então a olhar para o Mesmo e procurar as marcas que definem as identidades e as relações entre as coisas.
Essa abordagem é marcadamente epistêmica e a grande contribuição que se pode retirar de Foucault é seu olhar arqueológico e as implicações de método decorrentes a partir daí. Fazendo uma crítica à historia das ciências e à história das ideias, Foucault desenvolve uma análise que não se pauta na continuidade do saber e na causalidade entre diferentes tipos de pensar. O autor nega a suposição de que condições materiais permitem determinados tipos de pensamento, ou que entre pensamentos distintos em épocas diferentes, um seja tributário daquele que lhe é anterior. Foucault, ao longo de uma extensa argumentação, demonstra que há autonomia entre pensamentos que costumamos imaginar como contínuos; como sendo um o desenvolvimento do outro. A