Fruir e Pensar a TV
Editora Autêntica.
Resenha: http://edrev.asu.edu/reviews/revp25.htm Resenhado por Gilka Girardello
Universidade Federal de Santa Catarina
Outubro 5, 2004
A televisão e a escola costumam ser colocadas em campos adversários do debate social. Este livro nos ajuda a olhar a questão por fora dessa “lógica de torcedor de futebol”, com muito mais complexidade e ousadia intelectual. O interesse da autora Rosa Maria Bueno Fischer é pensar a televisão com o apoio das teorias contemporâneas da subjetividade e da cultura. O que interessa a ela é imaginar “possibilidades concretas de análise que dêem conta da TV simultaneamente como linguagem e como fato social” (p.17) Isso ela faz com estilo e consistência, de modo que o livro, apesar de seu despretensioso tamanho de bolso, já é leitura obrigatória para os educadores interessados em trabalhar a televisão na sala de aula.
A autora começa destacando a importância social e política de se estudar a mídia, e especialmente a TV. Ela presta atenção ao caso concreto da televisão brasileira e às linhas de força que, passando por ela, tecem a subjetividade do país inteiro. Afinal, como já disse
Eugênio Bucci, “se tirarem a TV, o Brasil acaba” – referindo-se à centralidade do imaginário televisivo para a identidade cultural do país.
Um dos méritos do trabalho é justamente esse enraizamento concreto no cotidiano brasileiro.
Como exemplo do quanto a prática em sala-de-aula pode desestabilizar tanto alunos como professores, Rosa Fischer narra a incredulidade de um grupo de estudantes de pedagogia gaúchas diante de algumas críticas acadêmicas à rainha dos baixinhos: “Isso aí eles inventaram”(...) “Professora, será que não dá pra entender, nós nascemos e já tinha a Xuxa na
TV, a gente mamou vendo a Xuxa, se criou diante da TV cantando e dançando com a Xuxa”
(p.23). O show do milhão de Sílvio Santos e o programa de