Freire
Tal busca, nos revela na palavra, dois elementos constituintes; ação e reflexão. Freire enfatiza a importância de uma para a outra, pois, segundo ele, são de tal forma solidárias, onde no sacrifício de qualquer uma das partes, resulta em uma palavra inautêntica. No sacrifício da ação, a reflexão, quase que automaticamente se transforma em uma fala sem conteúdo, oca, por isso alienada e alienante, onde não se pode esperar transformação ou compromisso, pois estes não são sem ação. Ao contrário, quando se sacrifica a reflexão, e se dá exclusividade a ação, a palavra, segundo Freire, se converte em ativismo, ação por ação, impossibilita a práxis verdadeira e consequentemente o diálogo.
A palavra inautêntica constitui-se na relação entre opressor e oprimido, consequentemente reforçando esta situação, dessa forma impossibilitando a transformação do mundo. No entanto, a palavra verdadeira reforça a práxis, a ação-reflexão do homem, sendo essa um direito universal, jamais dita como imposição. Assim a palavra, em seus ambos elementos, ação e reflexão deve ser pronunciada em conjunto, estabelecendo uma relação entre homens e mundo, indo além do eu-tu citado por Freire. De modo tal o diálogo se torna o caminho pelo qual os indivíduos dialógicos venham a conquistar o mundo, pela libertação de si mesmos.
A existência humana, não deve ser muda, não deve ser “homens no mundo”, e nem alimentar-se de palavras inautênticas, mas das verdadeiras, das quais o homem estabelece o diálogo transformador, para assim se tornarem “homens com o mundo”, através do diálogo, pronunciar o mundo, fazer de sua existência