FOUCAULT – O QUE É UM AUTOR ?
Deste modo, diz-nos Foucault, os ‘grandes autores’ como Homero ou Marx devem ser encarados como iniciadores de práticas discursivas que produzem não só a sua própria obra mas a possibilidade de as regras de formação de outros textos. P. 22.
Ora, é preciso levantar de imediato um problema: O que é uma obra ? Em que consiste essa curiosa unidade que designamos por obra ? Que elementos a compõem ? Uma obra não é o que escreveu aquele que se designa por autor ? P. 37.
... não basta afirmar: deixemos o escritor, deixemos o autor, e estudemos a obra em si mesma. A palavra ‘obra’ e a unidade que ela designa são provavelmente tão problemáticas como a individualidade do autor. P. 39.
Em suma, o nome de autor serve para caracterizar um certo modo de ser do discurso: para um discurso, ter um nome de autor, o facto de se poder dizer ‘isto foi escrito por fulano’ ou ‘tal indivíduo é o autor’, indica que esse discurso não é um discurso quotidiano, indiferente, um discurso flutuante e passageiro, imediatamente consumível, mas que se trata de um discurso que de deve ser recebido de certa maneira e que deve, numa determinada cultura, receber um certo estatuto. P. 45.
O autor é ainda aquilo que permite ultrapassar as contradições que podem manifestar-se numa série de textos. P. 53.
Em suma, o autor é uma espécie de foco de expressão que, sob formas mais ou menos acabadas, se manifesta da mesma maneira, e com o mesmo valor, nas obras, nos rascunhos, nas cartas, nos fragmentos , etc. p. 53, 54.
De facto, é enquanto texto de um autor particular que um texto tem valor instaurador e é por isso, porque se trata do texto de um autor, que é preciso regressar de