Bandeirantes espirituais do brasil: um estudo introdutório segundo a ótica da história da ciência
*Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Brasil jlgoldfarb@pucsp.br;mferraz@pucsp.br 1. O papel dos judeus na ciência portuguesa e brasileira O ano de 1492 marca a expulsão dos judeus da Espanha. A partir de então, segue-se um movimento que acabará por envolver também Portugal, ainda que um pouco mais tarde, visando eliminar os seguidores da fé mosaica de seu Reino. Isso se dá em 1497, como parte da negociação entre as duas coroas para o casamento de D. Manuel de Portugal com Dona Isabel da Espanha. Assim, duas opções se apresentavam aos não cristãos: aceitar o batismo ou deixar o Reino. Um dos efeitos da saída de um certo número de pessoas se faria sentir logo em seguida: entre os judeus que deixaram Portugal estava justamente um grupo importante de impressores. Aliás, há indicações de que os primeiros tipógrafos eram de origem judaica; estabelecendo-se em Faro, fizeram publicar, em 1487 um Pentateuco Hebraico. O trabalho desses primeiros tipógrafos judeus é seguido por outros de mesma origem e apenas alguns anos mais tarde se vê cristãos estabelecendo impressoras em Portugal. A expulsão dos judeus é acompanhada de outras medidas que visavam evitar o cripto-judaísmo; assim, foram proibidos quase todos os livros em hebraico, sendo poupados somente os que tratavam de medicina e de cirurgia. Os homens comuns não devem ter sentido muito, pois, de qualquer forma, a pequena parcela fora do clero que era alfabetizada lia quase que apenas em português e a censura vai impor - ao ser criada poucas década mais tarde - um diminuto número de livros cuja posse e leitura eram permitidas. Entre os livros proibidos, encontrava-se mesmo a Bíblia traduzida do latim para o vernáculo, pois sua leitura poderia levar a uma interpretação dos ensinamentos religiosos em desacordo com a Igreja. Aceitar o batismo -