Formação para a economia popular solidária
Construção de conhecimento e de novas relações sociais e de trabalho
Angelique J. W. M. van Zeeland[1]
As décadas de 80 e 90, estão marcadas pelo alto e crescente nível de desemprego, a exclusão do mercado capitalista, a exclusão social e a privação de direitos básicos de uma grande parcela da população. Este cenário é resultante de uma política econômica, cada vez mais excludente, que prioriza o pagamento da dívida externa em vez de investimentos em educação e saúde, enriquecimento de uma pequena parcela de privilegiados em vez de um projeto de desenvolvimento nacional baseados nos direitos econômicos, sociais e culturais de toda a população. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisados num estudo de Márcio Pochmann, mostram que a capacidade de geração de empregos na economia mineira diminuiu mais de 50% na década de 90, em comparação com o mercado de trabalho nos anos 80. A indústria, o comércio, o ramo de serviços e o setor público criaram 78,9 mil vagas por ano entre 1990 e 98, 54,2% inferior aos 172,2 mil postos gerados por ano na década de 80. Ao mesmo tempo, o contigente de pessoas à procura de uma ocupação remunerada tem sido crescente e a um ritmo maior que a expansão da oferta de emprego.[2] Para a Região Metropolitana de Belo Horizonte, o estudo de Márcio Pochmann mostra que, a taxa de procura pelo emprego cresceu 2,18% ao ano, e portanto, superou a taxa de expansão do emprego de 1,10% ao ano entre 90 e 98. Em comparação, na década de 80 a taxa de expansão do emprego era de 4,83% por ano. Na década de 90 a taxa de desemprego subiu 15,54% ao ano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e respectivamente 15,19% ao ano no Estado de Minas Gerais. Frente a este quadro de crescimento do desemprego na década de 90, os desempregados têm criado oportunidades de emprego por conta própria. Nos anos 90, o emprego por conta própria tem expandido