Formação de professores

A formação do professor e a marginalização da profissão

O TEMA É EDUCAÇÃO

Cobra-se cada vez mais formação qualificada do professor, mas o Estado não tem competência para distingui-los nem como recompensá-los à altura.

MÁRCIO PAULA MORAES

Maurice Tardif, professor e teórico canadense voltado para a educação, prega que a experiência acumulada pelo professor em sala de aula é impossível ser convertida em matéria na universidade, pois, por mais que se tente passar essa experiência ao candidato a professor, nunca será a mesma coisa de se vivenciar essa experiência. Tardif é o pioneiro nessa tese de que a experiência do professor em sala de aula deve ser levada em conta e a sério como um elemento acadêmico, isto é, um fator decisivo para compor a teoria que abrange todo o complexo sistema que a educação está envolvida.

Por mais que surjam opiniões de economistas, principalmente eles, sobre os caminhos que a educação deve seguir, na linha do pensamento de Tardif, já estaria sendo cometido um erro. Como alguém pode determinar os corretos percursos da educação se esse alguém nunca lecionou uma aula sequer naquilo que ele se propõe a palpitar?

As escolas de hoje, assim como o sistema que a conduz, é muito diferente das décadas passadas e seria necessária ampla formação do professor para que ele tivesse como entender todos os processos a que a escola está inserida, tanto no aspecto social como principalmente político, não há como desvencilhar a educação pública disso. A educação foi no mundo inteiro um processo permanente político com fins sociais e econômicos. O professor, por sua vez, nunca deveria ser visto como um profissional qualquer, um profissional marginalizado, que vive correndo “por fora” na sociedade. O profissional da educação deveria ser diferenciado, o intelectual formador, mas ao contrário do que acontece, por exemplo, na Alemanha, o professor no Brasil é visto como pobre, não tem status, autoestima; uma profissão voltada para emergentes