Formação da Literatura Brasileira
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Analisando e interpretando o processo contínuo de “formação da literatura brasileira”, em seus “momentos decisivos”, Antonio Candido, que se ancora na concepção exposta de sistema literário, une-se, de certa forma, à tradição romeriana dos estudos literários, pois sempre vincula a literatura à sociedade. Entretanto, no caso da Formação, como exemplo do trabalho crítico do professor, esta adoção é distinta da mesma tradição, pois a obra não possui a pretensão de definir os “fatores” histórico-sociais, que determinariam a manifestação literária ficcional. A perspectiva da análise de Candido percebe o fenômeno literário como uma “entidade autônoma no que tem de especificamente seu”, mas também retoma os dados contextuais da sociedade, em uma relação de influências recíprocas entre ficção e realidade, sendo um todo orgânico e integrado. Antonio Candido recusa o método do sociologismo determinista do Professor Sílvio Romero, mas também, ao mesmo tempo, nega a postura formalista e imanentista da “nova crítica”. Assim, sendo a concepção de “sistema” ressaltada como um todo orgânico e coerente, Antonio Candido busca “ver simples onde é complexo, tentando demonstrar que o contraditório é harmônico”, perseguindo em sua análise uma “coerência transitória de uma unidade”, enquanto sistema coerente “em equilíbrio instável”. Observa Antonio Candido:
Por outro lado, se aceitarmos a realidade na minúcia completa das suas discordâncias e singularidades, sem querer mutilar a impressão vigorosa que deixa, temos de renunciar à ordem, indispensável em toda investigação intelectual. Esta só se efetua por meio de simplificações, reduções ao elementar, à dominante, em prejuízo da riqueza infinita dos pormenores. É preciso, então, ver simples onde é complexo, tentando demonstrar que o contraditório é harmônico. O espírito de esquema intervém, como fôrma, para traduzir a multiplicidade do real; seja a fôrma da arte aplicada às inspirações da vida, seja a da ciência, aos dados da