fogueira das vaidades
Por Roberto Saraiva
Jornalista graduado pela Universidade Federal de Santa Catarina
Operadores da Bolsa, delinqüentes juvenis, promotores judeus de olho nas eleições, advogados inescrupulosos e pastores negros manipuladores. O caos nova-iorquino é retratado todos os dias por repórteres como Peter Fallow (Bruce Willis). Ou pelo menos por profissionais menos bêbados e incompetentes que ele. O jornalista está no fundo do poço e passa os dias em casa até se deparar com a história perfeita e virar o jogo.
No outro lado da cidade, Sherman McCoy (Tom Hanks), um grande operador da Bolsa, um “mestre do universo” com tudo a seu favor, está prestes a fechar um negócio de 600 milhões de dólares. Mas a curva errada no meio de uma pulada de cerca com Maria Ruskin (Melanie Griffith) leva o seu Mercedes ao submundo do Bronx. Para quem pretendia ir para Manhattan, certamente foi uma péssima escolha. Fugindo de uma tentativa de roubo, Maria acaba atropelando um dos jovens assaltantes negros, Henry Lamb, que vai para o hospital em coma. Apesar dos desesperados apelos de McCoy, a mulher se nega a ir à polícia.
Fallow tem sua história. O reverendo Bacon (John Hancock), louco por prestígio para sua igreja, circula o “crime racial” até Jed Kramer, assistente promotor de Abe Weiss (F. Murray Abraham), eterno candidato à Prefeitura. O assunto interessa: o ano eleitoral se aproxima e, afinal de contas, as minorias étnicas ainda votam. Trancafiar um rico homem branco agradaria à comunidade do Bronx. O pastor também não se esquece da mídia e leva o caso até o jornalista.
Sem informações concretas sobre o fato, Fallow faz uma apuração mequetrefe e acaba descobrindo que Lamb não cuspiu no seu professor durante o segundo grau. Baseado nisso, escreve uma matéria expondo a tragédia que se acometeu sobre o garoto, um aluno exemplar a caminho da faculdade, e como seus algozes fugiram sem nem ao menos prestar-lhe socorro.
Os homens de Weiss acabam