Focault
Comumente reconhecido como um teórico das relações de poder, Michel Foucault conseguiu articular então três grandes perspectivas que se imbricam: poder, saber e corpo. Neste texto percebe-se claramente que as relações de poder se materializam nas formas arquiteturais disciplinares, as relações de saber se refletem através do exame, da vigilância e das hierarquias – muitas vezes propiciadas pela arquitetura disciplinar – e, os corpos dóceis praticamente fabricados por esse diagrama de forças.
As relações de poder se organizam em torno de uma figura arquitetural – o panóptico de Jeremy Bentham. Esta é uma arquitetura disciplinar porque possui, em primeiro lugar, a cerca ou o muro e, em segundo lugar, configura-se através do quadriculamento, em que cada um possui um lugar e para cada lugar está um indivíduo. Através desta organização disciplinar institucional, seja escola, fábrica, indústria, prisão ou quartel, torna-se possível extrair conhecimento dos corpos ali individualizados. Deste modo, para cada aplicação de poder há uma produção de saber. Assim, poder-saber se articula sobre os corpos humanos e extraem o conhecimento do homem, afinal só poderia ser no século XIX o surgimento das ciências humanas.
O que torna interessante esta leitura não se circunscreve apenas na possibilidade do conhecimento sobre o homem na modernidade, nem apenas a passagem de um tipo de sociedade para outra. Percebe-se que o que há de tão intrigante são as práticas de sujeição que secretam as relações de poder e de saber. Foucault quer chegar ao sujeito, mas pelo lado de fora, de tal modo que consegue definir o que promove o sujeito e de que