Fisiologia do fígado
O fígado é o maior órgão do corpo humano representando 2,5 a 4,5% da massa corporal total com um peso médio de 1500g. É um órgão muito complexo que realiza várias funções vitais, muitas das quais ainda não passíveis de serem substituídas pelas mais modernas tecnologias terapêuticas.
Está estrategicamente situado no sistema circulatório recebendo um suprimento sanguíneo duplo: cerca de 20% do seu fluxo é rico em O2 e provém da artéria hepática, enquanto o restante 80% é rico em nutrientes e provém da veia porta. Esta particularidade permite ao fígado controlar as substâncias que são absorvidas em todo o intestino e determinar quais delas vão entrar, e como vão entrar, na circulação sistémica.
Os hepatócitos são as células mais importantes do fígado constituindo cerca de 2/3 da sua massa. Entre os cordões de hepatócitos estão os sinusóides vasculares revestidos por células endoteliais fenestradas e descontínuas que demarcam o espaço de Disse, para dentro do qual se projetam abundantes microvilosidades da membrana basolateral do hepatócito que está assim em contato direto com o sangue arterial e venoso portal. A membrana apical dos hepatócitos, com diferentes canais e transportadores em relação à membrana basolateral, vai ser a responsável pela formação dos canalículos biliares através da formação de sulcos entre hepatócitos adjacentes. Estes canalículos biliares que se fundem para formarem dúctulos biliares (ou canais de Hering) e depois a nível das zonas portais ductos biliares, já revestidos por células epiteliais ou colangiócitos, permitem a excreção de bile.
Para além dos hepatócitos, das células endoteliais fenestradas e dos componentes biliares, existem outros tipos de células no espaço de Disse, nomeadamente as células de Kupffer (maior acúmulo de macrófagos em todo o corpo, responsáveis pela fagocitose de diversas substâncias) e as células de Ito ou estreladas (reserva de substâncias lipídicas e papel na fibrose hepática patológica), para