Final Inantil
Contextualização histórica
Em 1944, Hans Asperger descreveu quatro crianças com dificuldades na integração social em grupos. Desconhecendo a descrição de autismo infantil de Kanner, publicada um ano antes, denominou a condição por ele descrita de Patologia Autística na
Infância, indicando um transtorno estável de personalidade marcado pelo isolamento social. Apesar das suas competências intelectuais estarem preservadas, estas crianças evidenciavam uma pobreza na comunicação não-verbal, tanto a nível gestual como a nível do tom afetivo de voz; empatia pobre; uma tendência a intelectualizar emoções; fala prolixa, em monólogo; uma linguagem formalista; interesses que ocupavam totalmente o foco da sua atenção e incoordenação motora (Shopler, E., Meribov, G., & Kunce, L.,
1998). Contrariamente aos pacientes de Kanner, estas crianças não eram retraídas ou alheias e desenvolviam precocemente uma linguagem bastante correta do ponto de vista gramatical, sendo impossível o seu diagnóstico nos primeiros anos de vida. Descartando a possibilidade de uma etiologia psicogénica, Asperger, destacou a natureza familiar da condição, colocando a hipótese desta se manifestar, somente, em indivíduos do sexo masculino (Shopler, E., Meribov, G., & Kunce, L., 1998). Apesar da descrição de
Asperger, na década de 40, apenas em 1981, Lorna Wing realizou a primeira descrição sistemática do quadro, atribuindo-lhe a atual designação, em homenagem aos trabalhos deste autor. Wing (1981) elaborou o conceito de um «continuum» ou “Espectro Autista” partindo de uma tríade comportamental assente em desvios qualitativos da comunicação, desvios qualitativos da socialização e desvios qualitativos da imaginação. Este conceito baseava-se, então, na identificação de uma constelação de aspetos invariantes, independentemente, de quaisquer desvantagens, deficits ou compromissos adicionais.
Baron-Cohen, Leslie e Frith (1986) criticaram esta posição, apresentando o argumento de que estes três sintomas