Filosofia
A virtù refere-se à capacidade de decidir diante de determinada situação, cuja necessidade deve-se à fortuna. O agir pressupõe a compreensão da natureza humana, assim entendida por Maquiavel: os homens buscam quem lhe proporcione vantagens, melhorias. Atribuem este papel e responsabilidade ao governante. Esclarece num trecho da obra que “os homens mudam de governantes com grande facilidade, esperando sempre melhorias”. (Maquiavel, 2005, p.32) o que importa, para os homens na sua maioria, são os benefícios e acreditar que é o príncipe quem pode proporcioná-los. Contudo, o governante deve estar atento. A estabilidade política é sempre precária e “qualquer mudança pode desencadear em processo de transformação difícil de conter.” (Schlesener, 1989, p.3)
Contrariando a concepção cristã de virtude, Maquiavel entende virtù como o que faz os grandes homens. Atingir os objetivos propostos implica em utilizar os meios necessários para fazê-lo. Encontrar os meios necessários para chegar aos fins é virtù em Maquiavel é aquele capaz de conquistar a fortuna e mantê-lo. E aqui é importante entendermos o conceito de fortuna em Maquiavel.
O conceito de fortuna para o filósofo em questão, também é retomado dos antigos. Ele recorre à imagem de deusa fortuna, possível aliada dos homens cuja simpatia era importante atrair. Representava uma figura feminina que desejava riquezas de sua cornucópia àqueles que sabiam conquistá-la. Para tanto era necessário ser um homem de virtù. Como se esclarece WEFFORT (1989), durante o período medievo, a figura da “boa deusa, disposta a ser seduzida, foi substituída por um ‘poder cego’, inabalável, fechado a qualquer influência, que distribui seus bens de forma indiscriminada”. (WEFFORT 1989, p.21) Contrariando o pensamento dos antigos, a “fortuna não tem mais como símbolo a cornucópia, mas a roda do tempo, que gira indefinidamente sem que se possa descobrir o