O que é a Filosofia da Tecnologia?* Andrew Feenberg Nosso tema é hoje a filosofia da tecnologia. Tentarei abordá-lo de dois pontos de vista, em primeiro lugar, da perspectiva histórica e depois darei uma olhada nas opções contemporâneas no campo das diferentes teorias que se encontram em discussão. Antes de começar, gostaria de situar brevemente para vocês o campo de estudo. Vocês já devem ter alguma familiaridade com a filosofia da ciência, visto que este é um dos campos mais prestigiados da filosofia. Está relacionado com a verdade da ciência, com a validade das teorias e a experimentação. Nós chamamos essas questões de "epistemológicas", itens que pertencem à teoria do conhecimento. A ciência e a tecnologia partem do mesmo tipo de pensamento racional baseado na observação empírica e conhecimento de causalidade natural, mas a tecnologia não está relacionada com a verdade e, sim, com a utilidade. Onde a ciência busca o saber, a tecnologia busca o controle. Não obstante, há algo mais nesta história que este simples contraste. Nas sociedades tradicionais, o modo de pensar das pessoas está formado por costumes e mitos que não podem ser explicados nem justificados racionalmente. Portanto, as sociedades tradicionais proíbem certos tipos de perguntas que desestabilizariam seu sistema de crenças. As sociedades modernas emergem da liberação do poder de questionar estas formas tradicionais de pensamento. A Ilustração Européia do século XVIII exigiu que todos os costumes e instituições se justifiquem como úteis para a humanidade. Sob o impacto dessa demanda, a ciência e a tecnologia se tornaram a base para as novas crenças. Eles reformam a cultura gradualmente para ser o que pensamos como "racional." Conseqüentemente, a tecnologia torna-se onipresente na vida cotidiana e os modos técnicos de pensamento passam a predominar acima de todos os outros. Numa sociedade moderna e madura como a japonesa, a tecnologia é compreendida como os costumes e mitos