Filosofia da existência
a) O traço comum fundamental das diversas filosofias da existência da nossa época reside em que elas procedem todas de uma denominada vivência "existencial", difícil de definir mais de perto e que varia de filósofo para filósofo. Assim, em Jaspers ela parece consistir numa percepção da fragilidade do ser, em Heidegger na experiência da "marcha para a morte", em Sartre numa repugnância ou náusea geral. Os existencialistas não ocultam por forma alguma que a filosofia deles parte de uma vivência desta espécie.
Isso explica que a filosofia existencial apresente no seu conjunto — até mesmo em Heidegger — o cunho de experiência pessoal.
b) O objeto principal da investigação é, para os existencialistas, aquilo que se chama "existência". Mas é difícil determinar o sentido que eles atribuem a este vocábulo. Em todo caso, trata-se da maneira de ser peculiarmente humana. O homem (raramente assim denominado, mas preferentemente designado por "Dasein", "existência", "eu", "ser-para-si") é o único ser que possui a existência. Com maior rigor de expressão, ele não a possui, ele é sua existência. Se tem uma essência, esta essência é sua existência ou resulta da sua existência.
c) A existência é concebida de maneira absolutamente atualista. Ela nunca é, mas cria-se a si mesma em liberdade, devém. É um esboço, um projeto. A cada instante, ela é mais (e menos) do que é. Os existencialistas reforçam ainda frequentemente esta tese, afirmando que a existência coincide com a temporalidade.
d) A diferença entre este atualismo e o da filosofia da vida consiste em que os existencialistas consideram o homem como mera subjetividade e não como manifestação de outra corrente vital mais vasta (cósmica). Além disso, a subjetividade é, entendida em sentido criador: o homem cria-se livremente a si mesmo, ele é sua liberdade.
e)Não obstante, seria inexato concluir que, para os existencialistas, o homem se encontra fechado em si mesmo.