Filme o Processo do Desejo
398 palavras
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O Arquiteto parece senhor de si, conhece o seu desejo e reconhece o desejo do outro. Ocupa o seu lugar com talento, segurança e tranquilidade. Coloca-se perante o júri com transparência. Sustenta seus argumentos com lógica, com poesia e sem mentira. É homem que assim se apresenta diante das mulheres e por isso mesmo as seduz e as obriga a revelar o que delas lhes era lícito esconder. O advogado, por sua vez, é escravo de valores sociais, e quando reconhece em si um desejo não se sente capaz de alcançá-lo. Tenta submeter o outro à sua vontade ou a ele se submete, impotente. Está pouco à vontade onde quer que esteja e não realiza sua função com eficiência em nenhum lugar. Isto pode ser dito por que, mesmo tendo conseguido a condenação do réu, o fez de modo pouco convincente. Em um segundo momento no filme o advogado começa a se questionar sobre si e quando, por fim, atribui ao outro um lugar de suposto saber e procura o Arquiteto para que lhe dê as referências que ele, Advogado, precisa para aceder ao próprio desejo. Pedido ao qual o Arquiteto gentilmente recusa.
As mulheres (Sandra e Monica) têm de semelhante o desejo de ocupar o desejo do outro. Isto equivale a dizer que Sandra e Mônica se oferecem enquanto objetos a serem desejados, desejam ser desejadas, e assim afirmam o seu desejo.
Mônica é a mais implicada com o seu próprio desejo, põe em xeque o amor de seu marido, o Advogado, acusando-o de não a desejar. E Sandra dramatiza, exagera, deturpa os fatos ocorridos naquela noite no Museu, de modo a não admitir o seu desejo.
O Advogado é crédulo, é ingênuo e por isso ele não entende nada. Ele acredita que Sandra quer a condenação do Arquiteto. Ele acredita quando Mônica lhe diz que não a siga. Ele ocupa esse lugar de credulidade e de ingenuidade porque não pode assumir o seu próprio desejo. Por isso violenta. Porque ele acredita na Verdade, é que tem tantas dúvidas. Por isso esta condenado a pagar o preço de sua normalidade. O Arquiteto não acredita. E