Fichamento sobre o texto: Tudo que é sólido se desmancha no ar.
Discorrer sobre o contemporâneo, o atual, apresenta-se sempre como um grande desafio, posto que as transformações são por demais rápidas para definições acabadas (se é que isso alguma vez foi possível ) e porque, apesar da resistência a abandonar paradigmas que até então “explicavam” alguma coisa, temos que reconhecer que tudo que é sólido se desmancha no ar ... Essa famosa frase do Manifesto Comunista de Marx e Engels, reconhecida como uma das melhores definições da sociedade burguesa moderna em contraposição ao regime estamental da Idade Média, bem que poderia ser usada ainda hoje, se considerarmos a velocidade das inovações tecnológicas e culturais, mas o contexto em que tal frase foi lapidada é inegavelmente diverso do nosso, e aí é que se encontra o dilema : o que há de novo e o que ainda se mantêm quando comparamos a atualidade com a gênese da sociedade moderna?
Reconhecendo de antemão a complexidade de tal temática e a emergência de discursos ainda pouco consistentes, não pretendo, nesta resenha, fazer um grande levantamento sobre esse debate, mas sim algumas considerações, balizadas em autores que participam dessa discussão, tendo em vista, contudo, uma perspectiva que acompanha de perto o conceito de pós-modernidade, qual seja, o de “neomodernidade” (que parece confirmar a vocação das ciências sociais para se utilizar de neologismos). – (Neomodernidade seria a teoria que diz que o relativismo (de valores, cultural, etc.) e a igualdade, são contraditórios, ou seja, é uma teoria que atravessa a garganta do Bloco de Esquerda.)
Alguns autores desconfiam de todo discurso que faz sinais de despedida da modernidade, encarando-os ora como modismo, ora como neoconservadorismo, e enfatizando que as incertezas e as contradições do mundo atual estão ainda circunscritas no mundo do “ser moderno”, onde o aparente estável se esfumaça em um piscar-de-olhos. Dois autores que se