A cidade no fluxo do tempo
Fluxo do Tempo: Invenção do passado e patrimônio”.
Autoria: Irlys Alencar F. Barreira
Ouro Preto, 19 de Outubro de 2012.
FICHAMENTO
A cidade de Fortaleza, na década de 1990, é palco de um duplo fenômeno. De um lado, as grandes transfigurações urbanísticas, que já se anunciam desde 1970, repetem o que parece ser o destino da maioria das metrópoles brasileiras. De outro, discursos sobre a conservação de espaços e edificações apontam a necessidade de resguardar a "história da cidade". Revitalizar o decadente e preservar o antigo constituem lemas de gestores políticos, planejadores urbanos, ou candidatos ao pleito municipal, preocupados em conter a marcha do "todo sólido que se desmancha".1
O princípio de revitalização dos centros históricos e a instauração de pontos turísticos não se restringem, evidentemente, a Fortaleza, sendo comum a cidades brasileiras marcadas por processos acelerados de mudança. Basta lembrar algumas cidades do Nordeste: o Pelourinho, em Salvador; os centros históricos de Recife, São Luís, e João Pessoa. O crescimento urbano das cidades ou o conjunto de processos convencionalmente nomeados de "modernização" aparecem, nesse sentido, acompanhados de investimentos materiais e simbólicos em torno da manutenção e restauração de equipamentos, percebidos como expressão do patrimônio das cidades.
As transformações citadinas, que, na realidade, traduzem processos urbanos de mudança, efetivam-se tendo por referência diferentes discursos. Discursos que são fundamento de intervenções ou críticas de cunho social feitas por intelectuais e estudiosos da temática, normalmente dirigidas aos representantes do poder estadual e municipal.
Repensar a cidade sob a ótica de sua "memória" ou sob o prisma de significados atribuídos à noção de patrimônio supõe compreender a lógica das prioridades sobre o uso e valorização de espaços efetivados ao longo do tempo. Prioridades que aparecem como