Fichamento do livro “A cidade antiga” de Fustel de Coulanges (I e II LIVRO)
Livro Primeiro:- Antigas Crenças
Capítulo I: CRENÇAS A RESPEITO DA ALMA E DA MORTE
A história da raça indo-europeia revela que essa sempre acreditou que após a morte, nada existiria. As gerações mais antigas, anteriores aos filósofos, viam a morte não como o fim absoluto, porém como uma mudança de vida de modo que, ao invés de reencarnar ou encontrar algum tipo de paraíso celeste, a alma após a morte continuava vivendo entre os homens sobre a terra.
Dessas crenças, ficaram testemunhos autênticos os quais são os ritos fúnebres. Neles, acreditava-se que ao colocarem um corpo na sepultura enterrava-se algo vivo. Um exemplo é “Encerramos a alma do túmulo” – frase com a qual Virgílio termina a narração dos funerais de Polidoro - que demonstra como essa crença se mantinha na linguagem e comprova as antigas crenças populares.
Dentro desses ritos, era comum que chamassem três vezes a alma do falecido pelo nome ao fim da cerimônia fúnebre para lhe desejar uma vida feliz sobre a terra. Desejavam ao corpo em voz alta que esse passasse bem e que a terra lhe fosse leve conservando a sensação de conforto ou de sofrimento pelos presentes. O epitáfio dizia que o corpo ali repousava - expressão que sobreviveu até os dias modernos.
Por acreditarem fielmente nessa passagem de vida que enterravam junto ao corpo objetos que consideravam necessários – como armas, vestidos e vasos- assim como derramavam vinho e levavam alimentos para saciar a sede e a fome, bem como matavam escravos e cavalos junto a sepultura, pois acreditavam que esses prestariam serviços para a alma que vivia sobre a terra do falecido assim como prestava em vida.
De todas essas crenças, surgiu o sepultamento com terra sobre o corpo com o qual a alma permanecia ligada para que ela se mantivesse nessa morada subterrânea. A alma que não obtinha sepultura permanecia errante por não possuir morada e, era fadada a desejar eternamente seu repouso merecido