Ficha de trabalho de portugues
Textos de apreciação crítica
Texto 1
Camané
Ao Vivo no Coliseu
EMI
51015 | Ao Vivo no Coliseu é uma prenda de consagração, uma flor na lapela de Camané, que celebra o primeiro disco de platina da sua carreira (Sempre de Mim) e a chegada ao 1º lugar do top nacional. Mesmo em tempos de vacas magras no que diz respeito ao consumo de discos, este é um feito de inegável valor, que justamente celebra uma das maiores vozes da história da música portuguesa. No entanto, se formos olhar para o que acrescenta ele à carreira do fadista, a resposta é: muito pouco. Este é o seu terceiro registo ao vivo no espaço de cinco anos ( os outros dois são o duplo CD Como Sempre…Como Dantes e o DVD Ao Vivo no São Luiz) e a redundância é combatida com a aposta numa edição limitada em CD mais DVD ( o filme reproduz tal e qual o conteúdo do disco, e tanto o vídeo como o áudio podiam ser bem melhores). Gravado em maio do ano passado, aqui se incluem 13 dos 16 temas de Sempre de Mim, sete temas mais antigos e um único inédito na sua discografia: o clássico “Asas Fechadas”, de Alain Oulman, composto para Amália, e que Camané aqui interpreta em diálogo com o contrabaixo de Carlos Bica. Camané canta maravilhosamente, como sempre, mas são poucos os momentos de absoluta exceção e é fácil perceber porquê: o concerto foi gravado menos de um mês depois do lançamento de Sempre de Mim, e o seu fado ganha muitíssimo com o passar do tempo. (Regra de ourro do fado: nunca gravar discos ao vivo enquanto o fadista ainda precisar de uma estante para pôr as letras.) As melhores interpretações são as dos fados antigos. E para encontrar o grande Camané, aquele que nos arrepia o cocuruto, é preciso esperar pelo andamento do concerto. Ou então, pegue no comando, salte até à faixa 16, e escute o que ele faz com “Mote” e com tudo o que se segue. Fado é isso. E nada mais.