A cultura exerce papel determinante para o reconhecimento de um povo com o lugar no qual vive. Qualquer elemento cultural pode ser responsável pela identificação das pessoas com o cotidiano, a história e os costumes locais. Deste modo acontece em Montes Claros, a festa folclórica de agosto, a conhecida festa dos catopês, possui tamanha participação e envolvimento popular, que o próprio fato de se reconhecer como folclorista ou catopê, representa uma maneira de se reconhecer como montesclarense. Além das atividades estritamente religiosas, como levantamento de mastro, missas e procissão, as festas de agosto surgiram da iniciativa da própria comunidade, há mais de dois séculos, em homenagem a Nossa Senhora do Rosário que fora criado por São Domingos de Gusmão. São constituídas por missas, bênçãos, levantamento de mastros e da tríade de apresentações folclóricas composta pela Marujada, Caboclada e os Catopês. Cada um deles corresponde respectivamente às tradições de origem portuguesa, indígena e negra, com danças, música e trajes que representam cada povo. Os negros, quando vieram escravizados, trouxeram consigo suas crenças e tradições, continuaram homenageando seus reis e cultuando seus deuses através de uma imagem de nossa senhora em Argel, levando os negros a escolherem essa invocação. Embora da mesma origem dos Congados, Moçambiques e outros similares de outras regiões, o Catopé, talvez por ter ficado isolado dos outros irmãos, com o tempo foi adquirindo características próprias, que transformara o nome da dança ou do ritmo, como o batuque. Os Catopês devotos de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito e os marujos e cabloclinhos, devotos do Divino Espírito Santo, agrupam-se em ternos e apresentam-se em duas colunas, começando pelos mais altos e seguindo em ordem decrescente pela altura até os menores. No início, aqui em Montes Claros, o terno era composto apenas por negros, mas, hoje em dia, não existe mais essa exclusividade, ao contrário do que acontece