"A Gosto da Unimontes"
As tradições africanas culturais e religiosas presentes nas Festas de Agosto em Montes Claros
Leonardo Cristiane Campos1
Os grupos de Catopês, Marujos e Caboclinhos da cidade de Montes Claros, representam as tradições culturais e religiosas, incorporadas em nossa cultura local, datadas desde meados do século XIX, segundo o professor e antropólogo Carlos Rodrigues Brandão, em sua obra A Cultura na rua2, de forte influência africana, o Catopê perdura em Minas Gerais por mais de 160 anos, oriundo da Congada, que também é uma tradição mineira3.
A exemplo dos famosos Afoxés baianos, formas de manifestações cultural-religiosa, surgidos ainda no final do período oitocentista nas ruas da cidade de Salvador4, esses grupos culturais norte-mineiros, também, retratavam aspectos religiosos, mais voltados para o catolicismo popular, levando cortejos de homens portando instrumentos musicais como pandeiros, tambores, chapéus com plumas de pavão, roupas com cores específicas e fitas coloridas, dançando e tocando sempre em louvores a Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Divino Espírito Santo e São Benedito5.
Conforme Olga Cacciatore6, o Afoxé é uma festa realizada como uma obrigação pelos integrantes do candomblé e, talvez, influenciada pelas festas de Coroação dos Reis do Congo, chamadas de congadas7. Revela, ainda, que seus cantos eram entoados em língua yorubá, mas que o entrelaçamento das línguas no Brasil foi notado, também, nos cânticos entoados nos afoxés. Já na concepção de Nina Rodrigues, o Desfile de Afoxés é a reprodução da “África inculta que veio escravizada para o Brasil” 8, ligada às práticas mágico-religiosas africanas, chamadas de fetichistas9.
Montes Claros possui atualmente seis grupos de Congado, sendo um de Caboclinhos, dois de Marujos e três de Catopês que, entre os meses de maio e agosto, desfilam pelas ruas visitando casas e Igrejas, devotando sua fé e suas crenças no poder divino10.
Os Marujos usam vestimentas com as