Feminismo
Nathália Boni Cadore
Estudante de História/UFRGS
1° quadrinho: “Bom, eu não sou feminista nem nada, mas a gente merece iguais oportunidades de trabalho”.
2° quadrinho: “Acho que as mulheres precisam de licença-maternidade e creches infantis decentes, mas não pense que sou uma dessas feministas lunáticas”.
3° quadrinho: “Não acho justo que mulheres recebam 70 centavos para cada dólar que um homem ganha, mas não é que eu seja feminista nem nada”.
4° quadrinho: “A gente pode ter um longo caminho pra percorrer ainda, mas acho que o feminismo está bastante datado, não?”. Uma mão patriarcal lhe dá um tapinhas nas costas e diz: “Boa menina”.
Essa história em quadrinhos foi publicada no excelente blog Escreva Lola Escreva1, da feminista Lola Aronovich, mais especificamente no post “Feminismo pra quê?”2, de 23 de abril de 2008. A tradução das falas dos quadrinhos foi feita por Lola, quem me concedeu a liberdade de reproduzi-la aqui.
Os quadrinhos evidenciam um sintoma muito atual, e nos levam rapidamente à seguinte pergunta: por que muitas mulheres fazem questão de enfatizar, após alguma afirmação em prol dos direitos femininos, que “apesar disso, eu não sou feminista”?
Por que é tão importante deixar claro que não se é “uma dessas” – essas tais de feministas? “Feminismo” se tornou um termo extremamente negativo e assustador, portanto
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http://escrevalolaescreva.blogspot.com/ (Acesso em: 07 de março de 2010) http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2008/04/feminismo-pra-qu.html (Acesso em: 07 de março de 2010)
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é comum o esforço de algumas mulheres em frisar que não se identificam com ele – apesar de concordarem ou acreditarem em algumas causas específicas das mulheres. A questão é que o feminismo não é uma coisa de outro mundo, não é nada extraordinário. As feministas, com toda sua diversidade de pensamento, evidentemente, não divergem das opiniões das moças dos quadrinhos