FAUSTO
A 191-208, G
Tempo Social;ARev. Sociol. USP, S. Paulo, 10(2): 191-208,Rev. Sociol.de 1998. de 1998.
A filosofia da história no Doutor Fausto
RICHARD MISKOLCI
RESUMO: Há uma “filosofia da história” implícita na obra de Thomas Mann.
Este artigo pretende fornecer elementos para compreender esta filosofia que tem raízes em Schopenhauer e Nietzsche, mas que também deve muito às descobertas da psicanálise e ao aprofundado conhecimento de mitologia do escritor alemão.
UNITERMOS:
Mann,
Fausto, nazismo, história, mitologia. P
ropomo-nos fornecer elementos para a compreensão da filosofia da história implícita na obra de Thomas Mann (1875-1955). A partir de seu grande romance de maturidade – Doutor Fausto (1947)
– adentraremos em sua complexa técnica criativa, a qual ultrapassa os limites do ficcional e alcança importância intelectual ímpar.
É a partir de A Montanha Mágica (1924) que a obra do autor alemão passa a ter como componente estrutural uma clara concepção cíclica da história. A recorrência, o cerne do mitologismo que impregna sua obra, deve muito ao conceito cíclico de história de Vico, ainda que as fontes diretas do autor alemão sejam seus adorados Schopenhauer, Wagner e Nietzsche.
O nascimento da tragédia (1872), primeiro livro de Nietzsche, influenciou fortemente a concepção de A montanha mágica, e até mesmo o título foi retirado de uma das afirmações iniciais do filósofo. Por sua vez, a filosofia pessimista de Schopenhauer e a obra sinfônica de Richard Wagner inspiraram a teoria nietzscheana da tragédia. Mann afirmou num ensaio que o compositor alemão representa a ponte entre o mitologismo romântico e o modernismo. Mestre em Sociologia pela UNESP
191
MISKOLCI, Richard. A filosofia da história no Doutor Fausto. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 10(2): 191-208, outubro de 1998.
A teoria