FAMÍLIA ENREDADAS Desde as revoluções industriais, que separou o mundo do trabalho do mundo familiar e instituiu a dimensão privada da família, contraposta ao mundo público, mudanças significativas a ela referentes relacionam-se ao impacto do desenvolvimento tecnológico. A partir da década de 1960, difundiu-se a pílula anticoncepcional fato criou as condições materiais para que a mulher deixasse de ter sua vida e sua sexualidade atadas à maternidade como um destino, desde então começou a se introduzir no universo naturalizado da família a dimensão da escolha. Mas tarde, a partir dos anos 80 as novas tecnologias reprodutivas, inseminação artificial, seja fertilização in vitro. A pílula a abala o valor sagrado da maternidade e a identificação entre mulher e mãe, assim as intervenções tecnológicas sobre a reprodução humana introduzem uma tensão no imaginário social, entre o caráter natural atribuído à família e a quebra da identificação desta com a natureza que a tecnologia produz. As mudanças são particularmente difíceis, uma vez que as experiências vividas e simbolizadas na família têm como referencia dispositivos disciplinares existentes em nossa sociedade, essa referencia constituem os modelos do que é e como deve ser a família. Na década de 1990, difusão do exame do DNA a identificação da paternidade, essa forma de intervenção tecnológica é fundamental no que se refere a laços e responsabilidades familiares, ela diz respeito ao homem, em seu lugar de pai, e introduz tensões no lugar masculino dentro da família que ate então continuava razoavelmente preservado nas suas bases patriarcais. A comprovação da paternidade abre o caminho para que esta seja reivindicada, causando forçosamente um impacto na atitude tradicional de irresponsabilidade masculina em relação aos filhos, paralelamente mudanças incidem também sobre o plano jurídico e alteram o estatuto legal da família como produto da ação de inúmeras forças sociais, entre elas dois movimentos sociais