Família e individualidade
A FAMÍLIA E A EDUCAÇÃO PARA A INDIVIDUALIDADE NA SOCIEDADE MODERNA
Salvador – BA
2003
A família e a educação para a individualidade na sociedade moderna
A família, enquanto objeto de estudos das ciências humanas, pode ser analisada a partir de múltiplos enfoques. Muito tem sido dito sobre seus diversos aspectos: núcleo formador da sociedade, local de desenvolvimento humano e de construção da identidade dos indivíduos, de trocas afetivas, de atendimento das necessidades básicas vitais à existência humana, sejam elas biológicas, psíquicas e sociais, etc. O presente artigo se organiza em torno de uma visão sobre a família como estrutura educacional e preparatória da futura individualidade que nela se desenvolve. A família constitui o fenômeno que funda a sociedade. No decorrer da evolução histórica permanece como matriz do processo civilizatório, como condição para a humanização e para a socialização das pessoas (Levi-Strauss, 1967 e Malinowsky, 1973).
Levi-Strauss apresenta sua definição de família:
Designa um grupo social possuidor de, pelo menos, três características: 1) origem no casamento; 2) constituído pelo marido, pela esposa e pelos filhos provenientes de sua união, conquanto seja lícito conceber que outros parentes possam encontrar o seu lugar próximo ao núcleo do grupo; 3) os membros da família estão unidos entre si por a) laços legais, b) direitos e obrigações econômicas, religiosas ou de outra espécie; c) um entrelaçamento definido de direitos e proibições sexuais e d) uma quantidade variada e diversificada de sentimentos psicológicos, tais como amor, afeto, respeito, medo (Levi-Strauss, 1982).
Tal definição, fundamentada principalmente no caráter socializador da família em quase todos os seus tópicos, introduz, ao final, os conteúdos subjetivos, afetivos, psicológicos, individuais, que respondem pela singularidade dos indivíduos constituintes deste