UNA CAMA PARA DOIS
Magalhães e Féres-Carneiro (2003) definem conjugalidade como uma dimensão psicológica compartilhada da vida do casal, com uma dinâmica inconsciente que se opõe a individualidade presente na vida a dois, se remetem à vivência do casal em função da continuidade e estabilidade do vínculo, estruturada a partir da identidade conjugal, na qual fazem parte aspectos inconscientes e conscientes, como sentimentos, emoções, ideias, fantasias, expectativas e projetos compartilhados. (FÉRES-CARNEIRO & MAGALHÃES, 2003).
Os ideais contemporâneos de relacionamento valorizam mais a autonomia e a satisfação de cada parceiro do que a dependência entre eles. A individualidade e a conjugalidade são forças opostas que constantemente são confrontadas no casamento. Sendo que a construção de um casal exige a criação de uma interação, a partir da vivência de uma realidade, de desejos e projetos conjugais. (FÉRES-CARNEIRO, 1998).
A sociedade e o casamento têm sofrido diversas transformações ao longo da história. Dessa forma, a busca pela autonomia às vezes vem fragilizar a relação a dois e a elação com o meio social, ao mesmo tempo em que a supervalorização pela conjugalidade pode prejudicar a individualidade do sujeito.
O casamento não precisa ser o lugar onde eu possa ser inteiramente eu mesmo, mas pode ser o lugar onde eu descubro algumas das possibilidades de eu me tornar eu mesmo. (COLMAN, 1994, apud GOMES, 2003, p. 126).
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Historicamente, o casamento ocupa lugar de representatividade e peso na sociedade. Há algum tempo atrás, as pessoas casavam-se para manutenção e garantia das riquezas, depois, para o estabelecimento de alianças políticas, um tempo depois, por amor. Hoje, independente da motivação, as pessoas continuam a se casar. Mas como conciliar casamento e individualidade?
Para Féres-Carneiro (2009), casamento é o processo complexo que envolve diversos níveis de relacionamentos e contextos que resultam da definição psicossocial de