falsas memorias

12.3. Síndrome das Falsas Memórias
Existem memórias que eu só conheço de nome. Posso imaginar que as tenho, mas na verdade nunca as vivi. Citação adaptada a propósito de Jack Abott, em no Ventre da Besta - Cartas da Prisão, que refere especificamente sobre emoções.
A controvérsia sobre memórias falsas e memórias recobradas é enorme, mas ninguém discute que ambas existem. A grande dificuldade ainda persiste no fato de não haver certeza sobre como se distinguem ou identificam cada uma delas. As evidências que se têm são no sentido de que as recordações originais contêm mais informações do contexto e mais detalhes sensoriais, enquanto as recordações falsas possuem informações idiossincráticas da pessoa e são mais subjetivas. Porém, esse critério padece do mesmo mal: também é subjetivo.
De fato, uma pessoa pode recuperar uma lembrança significativa relacionada a uma experiência dolorosa ou conflitiva, em particular de abuso sexual ou físico. Essa recuperação pode se dar por efeito hipnótico, medicamentoso ou não, durante um tratamento psicanalítico ou psicoterapêutico, e ser evocada de forma espontânea ou provocada devido a um estado alterado de consciência.
Nessas condições, o material que se encontrava reprimido vem à tona e, chegando à consciência, pode fazer com que a recordação seja revivida. Por sua vez, ao ser reeditada a experiência recalcada, a carga emotiva correspondente ao episódio poderá ser revivida. Se o afeto que daí emerge for compatível com o evento traumático que provocou a exclusão da memória da consciência, para evitar a dor psíquica, acontece o que se denomina ab-reação. Entretanto, se o evento não aconteceu, mas a pessoa reage como se efetivamente tivesse acontecido, esse sentimento e essa crença produzem a síndrome da memória falsa, pois passa a ser realmente vivido como real e verdadeiro.
A recuperação de memórias recalcadas tem sido fonte de muita controvérsia, tanto no âmbito da psicologia jurídica quanto do direito,